É melhor ser genial ou eficiente?

Abra para uma estrutura que vai te ajudar

Você nem precisa saber muita coisa. Que belo jeito de começar a edição de hoje, não é mesmo?

Sonhei ser fotógrafo por muito tempo. 

Eu pensava que deveria ser muito técnico e conceitual em tudo que fizesse, que deveria dominar a luz em qualquer ambiente. Mas não consegui nem estudar tudo, nem ficar muito bom, ainda assim, vendi boas fotos, ganhei um dinheirinho e até pude ter foto minha estampada como capa de livro, cobri eventos interessantes. 

Isso tudo sendo mediano e seguindo as regras básicas da fotografia.

Uma das que mais gostei de ter feito

Não vim aqui defender a mediocridade. Só que o básico atende muito mais gente que o sofisticado em diversas áreas. No meu caso, as fotos sofisticadas só faziam sentido para quem entende de foto, ou eu mesmo. 

O que o contratante exigia era o básico bem executado. Com o tempo, entendi que sofisticação vem com tempo de experiência e apetite ao risco dentro da área proposta.

O mesmo vale para a comunicação através de palavras.

Para convencer, educar ou impressionar alguém, não é preciso ser lá uma pessoa genial e, por mais que soe errado, o que você fala é menos importante que como você fala. A maravilha disso é que qualquer pessoa pode trabalhar a arte da persuasão sem ter um PHD, e ao mesmo tempo, é triste porque qualquer pessoa pode parecer dominar um assunto.

Mas e você? O que tem a ver com isso? 

Como gosto de lembrar, sempre que você não se posiciona, alguém menos qualificado toma seu espaço. 

Só que pensar dá trabalho! E pensar no que você vai falar no palco, no áudio, na rua, na chuva, na fazenda, te gera certa ansiedade. Você não quer parecer burro ou burra, nem soar como alguém raso. 

Porém, alguém com menos conhecimento e profundidade vai lá e conquista públicos, vende serviços, ideias, ganha reconhecimento… Sem ser tão inteligente assim.

Como ser uma pessoa persuasiva sem soar raso ou entediante?

Ou: como ser convincente sem parecer coach?

Vamos lembrar da primeira linha: você não precisa ser muito inteligente! O segredo é confiar em estruturas e inclusive não se aprofundar demais no seu próprio conhecimento. Primeiro porque pessoas esquecem de quase tudo o que é dito em um conteúdo passivo. Reza a lenda que a retenção de conhecimento em palestras é de aproximadamente 5%, já em livros, 10%. 

P.S: Já conhece meu podcast? 

Não acredito em uma estrutura mágica que resolva todos seus problemas de expressão, no entanto, tem algo que sempre funcionou bem comigo na ordem abaixo:

  • Conexão

  • Narrativa

  • Explicação

  • Desconstrução

  • Conclusão

Conexão

Não foi à toa que comecei a newsletter de hoje falando sobre meu breve tempo como fotógrafo. Quase todo mundo vai ter uma área da vida na qual achou que precisaria se aprofundar muito, mas percebeu que sendo mediano já pagava as contas. É como um músico de orquestra tocar Pais & Filhos.

Começar qualquer interação criando conexões é o atalho perfeito para situações de persuasão. Seja lá como você pretende se comunicar, quais elementos comuns entre sua ideia/história e sua audiência? O que te deixa um pouco mais perto dessas pessoas e demonstra que você também é de carne e osso? 

Criar conexão não é entrar na conversa se desculpando ou justificando. É buscar algo que vai um passo além da conversa de elevador. 

Narrativa

Uma vez que a conexão foi criada, entra o desenho narrativo da sua ideia. Minha narrativa aqui foi a ideia de não precisar ser tão inteligente para ter uma comunicação que funcione. Para que a narrativa funcione, ela precisa ter pontos em comum com a primeira conexão gerada! 

Perceba que lá no começo eu já falei sobre não ser o melhor fotógrafo e ainda assim ganhar dinheiro só aplicando técnicas simples. 

Narrativas são difíceis no começo. Elas precisam ter contraste, precisam ser levemente irônicas. E elas precisam disso porque se não forem provocativas, pouca gente presta atenção!

Não é à toa que pessoas como Clóvis de Barros Filhos cativam tanto! Além de ser um cérebro absurdo e carismático, o Professor Clóvis tem narrativas como “a felicidade não serve pra nada”. Isso é provocativo, vai contra o senso comum. 

Como você consegue adicionar elementos que fazem sua comunicação quase ser polêmica, mas fazer sentido? Um exercício interessante pode ser o estudo de tese e antítese. Pensar com frequência no conflito.

Explicação

É AQUI que sua inteligência, expertise, seu charme, seu borogodó tem espaço para brilhar! Conexão e narrativa são elementos emocionais de uma boa apresentação. A explicação é o beijo no primeiro encontro. 

WTF?

É isso mesmo. No primeiro encontro você e seu par estão ali com um objetivo comum, vocês estão dispostos a se pegar. Mas exceto pelo carnaval e algumas outras situações, quase nunca vai rolar tão rápido assim. Você quer o beijo, mas quer uma conversinha antes, certo? 

Via de regra, gosto de dedicar no máximo 20% do tempo ou material entre Conexão e Narrativa, aí deixo uns 50 ou 60% para a explicação. 

Lembre-se que a explicação fica mais interessante quando tem elementos e ganchos que remetem à narrativa (fiz isso com o exemplo do beijo: conexão e história antes de avançar).

Vá com parcimônia, ninguém quer beijar uma máquina.

Sabe o que quase todo mundo gosta? Analogias. Falei sobre elas aqui.

Desconstrução

Explicou algo? Que tal quebrar em partes e mostrar como cada coisa funciona? Aliás, você já deve ter percebido que estamos seguindo esta recomendação há alguns parágrafos! 

Se a desconstrução é dividida em blocos, fica muito mais fácil que a audiência absorva e entenda. Logo, seja lá o que você quer dizer, pense como isso pode ser dividido e entregue.

Conclusão

Vamos voltar à questão de não absorvermos mais que 5 ou 10% do que nos apresentam. Além de não absorvermos, também não percebemos. Num mundo onde caixas de ovo precisam do aviso de “contém ovo”, é válido lembrar que pessoas precisam de lembretes e recomendações. Caso contrário, a informação se vai. 

Logo, como concluir a “venda” de uma ideia, um PPT que seja? 

Se na desconstrução nós quebramos o Lego, na conclusão nós o reconstruímos. Junte os elementos revelados, mostre como eles fazem sentido junto e então faça o bom e velho CTA (Call to Action), a chamada para ação. 

Convide para uma conversa no 1-a-1, para esclarecimento de dúvidas, para um café… 

Quando nos concentramos muito mais em fazer a comunicação funcionar do que em parecer que dominamos demais um assunto, ela flui. Ela conecta. 

Portanto não se preocupe tanto assim com quão foda você é no assunto, preocupe-se puramente em fazer com que as pessoas entendam e se lembrem. Assim sua comunicação se torna uma grande aliada.

Já que você chegou até aqui…

Que tal acompanhar o Além das Boas Ideias? É meu podcast sobre criatividade! Agora mesmo você pode entender um pouco mais sobre expressar o que pensa:

Até semana que vem!