Se eu aprendi a seduzir, você também pode

Trago sua atenção de volta em 7 dias

Se você achou que eu estava falando de sedução no aspecto romântico da coisa, devo dizer que ainda estou muito longe de ser a pessoa com esse tipo de recomendação. Quando adolescente, eu ouvia dos meus pais que eu seria o terror das meninas, só não sabia que eles estavam sendo literais, dada a minha condição de feiura extrema no período.

Ainda assim, aprendi a seduzir.

Não tantas moças, mas aprendi a cativar algum tipo de atenção nos palcos. O que também foi difícil de fazer, não sendo uma pessoa em situação de Rodrigo Hilbert.

Mas sim, pessoas comuns e até mesmo as feias são capazes de seduzir um público em palestras, podcasts e aulas. Por mais que eu tenha visto inúmeras técnicas em mais de uma década, foi em uma palestra na última semana, para 4 mil pessoas, que lembrei da mais crucial.

Aliás, o período entre os dias 24 e 31/08 foi puro caos por aqui! Palestrei no Rio de Janeiro para 4 mil pessoas num domingo, participei de diversos eventos corporativos em BH durante a semana e então rolou o esperado Hotmart FIRE, com 10 mil participantes e algumas intervenções minhas em palcos diversos e estúdios.

Na palestra do Rio de Janeiro, entrei no palco surpreso com a juventude do público e abri com uma pergunta que em poucos segundos mudou a energia do ambiente:

"Quem aqui tem menos de 30 anos?" Mais de metade do público levantou as mãos. "Quem tem menos de 25?" A proporção seguiu similar, então completei:

"É curioso como tanta gente diz que vocês são a geração nem-nem: nem trabalha, nem estuda. E aqui estão alguns milhares de vocês, em pleno domingo, estudando para se tornarem melhores profissionais."

Ouvi palmas, gritos e vi muitos participantes reagindo com um baita ânimo! O que eles não sabem é que eu não apenas não estava surpreso, como inclusive já havia planejado essa abertura com pelo menos uma semana de antecedência! Fiz algo similar umas boas vezes nos palcos do Hotmart FIRE. Mas por quê?

Porque tem uma regrinha inicial em apresentações que é ignorada por aproximadamente toda pessoa que respira. Essa regrinha é óbvia, mas foi a mais repetida em um treinamento de Strategic Data Storytelling que fiz uns anos atrás. E ela diz o seguinte:

"Antes de qualquer coisa, saiba para quem você está apresentando."

Isso aí resolve uma quantidade inenarrável de problemas na comunicação!

Eu já sabia que falaria para um público sub 30, uma turma que é frequentemente rebaixada e julgada pela geração anterior, que tem necessidade de validação, mas que também, neste evento específico, estava ali dando o sangue para aprender novas habilidades.

Portanto, eu não apenas mostro que sei quem é a audiência, como reforço algo positivo sobre ela, colocando um inimigo comum no ambiente.

Quando lido com empreendedores, digo que sei bem qual é o maior desafio de quem empreende. Não é pagar as contas, contratar, demitir, fazer vendas ou planejar o ano. É tomar uma decisão. Toda decisão a ser tomada por quem empreende pode ser a diferença entre o ótimo mês e talvez vender o carro.

Se preciso falar sobre estratégia de marketing para mulheres com filhos pequenos, deixo claro que sei como o tempo é um desafio constante e já prometo que grande parte das técnicas abordadas pode ser automatizada ou otimizada.

Por mais que seja óbvio, é surreal notar quantos profissionais vejo diariamente cometendo a cagada de mostrar que não conhecem o público que dedicou alguns minutos de atenção a eles, nem que seja para uma conversa de vendas no WhatsApp!

Não foi só no curso da UChicago (desculpa, sou chique) que vi essa regra. No livro "TED Talks", o autor comenta que um dos primeiros elementos-chave na construção de qualquer narrativa é a sintonia, entrar no mesmo nível e ritmo que o espectador. Olha aí: um livro de 50 reais e um curso de alguns milhares de Trumps mostram como a conexão com a outra ponta importa.

Se você quer conquistar uma plateia, pare de tentar impressionar e comece a se conectar. Ninguém se apaixona por perfeição, mas todo mundo se identifica com autenticidade.

Ainda não sei qual foi a nota da minha palestra lá no evento do Rio, mas sou otimista. Por alguns anos conduzi aulas de marketing em treinamentos presenciais e elas sempre tinham nota de 4,5 ou 4,6 em 5. E isso não foi conquistado sendo um mestre da oratória, o que não sou! Foi conquistado com conexão!

Com Rafa Leite, Leandro Ladeira e Pedro Sobral!

Mas como eu faço para me conectar com a audiência?

Aqui vai meu ritual simples para elaborar qualquer apresentação ou reunião. A primeira camada é pura soft skill, nem precisa entrar na parte técnica:

Responda as perguntas abaixo para preencher a primeira camada de conexão:

  • O que essas pessoas gostam?

  • O que essas pessoas não gostam?

  • Quais são os fatos interessantes sobre elas ou sobre a realidade delas?

No caso recente, eu sabia que o público é sub 30, gosta de trabalhar, não gosta de ser julgado e que, ao contrário das estatísticas, é interessado.

E agora as perguntas que preenchem a segunda camada de conexão:

  • O que eu sei que essa pessoa sabe/precisa?

  • O que eu sei que ela não sabe/precisa?

  • O que eu não sei que ela não sabe/precisa?

Aqui é onde você planeja sua abordagem técnica! Foque em gerar valor através das informações que muito provavelmente sua audiência não conhece, ou que não viu como você faz.

Se a audiência possui algum conhecimento avançado em algo, reconheça isso e utilize como escada para entregar seu grande conteúdo. E aí, aquilo que você não tem certeza em relação às pessoas presentes, não presuma nem force. Deixe passar.

A boa comunicação tem um volume de técnicas das mais simples até as mais inacreditáveis.

Mas de nada vai adiantar adotar arquétipos, blazer, mocassim, o diabo a quatro, se no fim do dia você não causa uma sensação primitiva que muda como as pessoas te enxergam: conexão!

A técnica de sedução mais poderosa não está nos cursos de oratória: está em genuinamente se importar com quem está te ouvindo.

Ei! Sabia que eu tenho um podcast sobre comunicação e criatividade? São episódios curtos, de linguagem simples e às vezes com alguma piadinha:

Te encontro na próxima semana!