Nudes do MrBeast e cagar no bidê

Vazaram nudes do MrBeast

Nudes do cérebro, calma lá!

Antes de qualquer coisa: sim, mudei o nome da publicação. Aproveitei o ritmo das férias para refletir muito (estava escolhendo espelhos para minha casa) e cheguei a um nome que combina mais.

Agora sim:

Está circulando, desde o final de semana, um PDF com o suposto "playbook" da MrBeast Production, que caso você não saiba, é a empresa do maior youtuber do mundo, MrBeast! Um camarada com algumas dezenas de milhões de seguidores, ideias malucas que envolvem Lamborghinis, doações milionárias, disputas entre famosos e todo tipo de vídeo inesperado.

O cara é bom e segue crescendo.

Quando comecei a ler o arquivo, pensei: "isso aqui é tipo um nude dos pensamentos dele!". Só que enquanto nudes tradicionais a gente apenas recebe, reage e agradece a Deus, acho que nudes de ideias sempre valem a fofoca. Afinal, sou discípulo de Austin Kleon (Roube Como um Artista).

Eu imaginei que encontraria informações complexas, orientações tão mirabolantes quanto os vídeos do autor, e na verdade o que encontrei foi… Básico. E isso me deixou mais feliz ainda, porque o básico faz as coisas funcionarem.

Básico que funciona me faz pensar em um dos podrões mais conhecidos de Belo Horizonte: O New Foods.

New Foods é uma lanchonete de esquina, com aquelas mesas de plástico padrão, sanduíches carregados de batata-palha, molho rosé, maionese de marca desconhecida, milho caindo pelas beiradas. Salvo engano, sequer tem banheiro!

E por mais que eu mesmo não goste do New Foods, preciso tirar o chapéu: são 40 anos de atividade. O hambúrguer não é um blend, o pão não é brioche. As batatas não são rústicas, não tem cerveja IPA artesanal ou refrigerante diferentão. Sobremesa? Chokito, Prestígio ou Twix. Aqui não tem aquelas taças lambuzadas nojentas.

Essas aí são coisas que eu gosto! Mas que também já vi em sei lá quantas hamburguerias "especiais" que fecharam após um ou dois anos de operação. 

Só que o New Foods funciona. Ele abre às 11 e vai até a madrugada.

Ser autêntico ou funcional?

Quantas vezes você não viu um lugar inovador ou alternativo demais oferecer uma experiência insustentável? Quantos negócios únicos que eram até legais você não viu quebrarem por aí?

Tem mais ou menos duas semanas, fui a um bar que gosto bastante, aqui no meu bairro. A casa tem pratos e drinks deliciosos, tudo de origem local, cardápio autêntico. Só tem um problema: os pedidos não chegam.

Todas as coisas são demoradas, os garçons e garçonetes frequentemente esquecem os pedidos ou esquecem de avisar que a pessoa dos coquetéis saiu em pausa e talvez eles demorem mais. Não oferecem uma cerveja para você tomar (e gastar mais, bom pra eles), enquanto os coquetéis estão parados.

Essa é uma experiência recorrente em inúmeros estabelecimentos que tentam promover algo novo. Eles atingem o objetivo da novidade, mas cagam no bidê!

Cagar no Bidê é a expressão cunhada pelo meu amigo Breno Amaro para dizer que alguém estava com a melhor das intenções e acabou fazendo algo horrível. Fica aí um conhecimento novo para você.

Ideias boas, seja em um podrão de esquina, num bar alternativo ou num projeto pessoal, não precisam ser complexas. Não precisam ser completamente autênticas ou com diversas camadas de interpretação: Elas apenas precisam funcionar.

Você nunca vai realizar algo de grande complexidade enquanto não dominar a base de uma ideia, os fundamentos necessários para que seu projeto funcione! E veja bem, isso se resume a qualquer tipo de projeto, até mesmo aquele que envolve ganhar um aumento no trampo.

Quando seu conceito simplesmente funciona, ele é capaz de atender mais pessoas. Se mais pessoas conseguem o que desejavam, elas falam daquilo. Quando elas falam, outras chegam. 

Caso a ideia seja maravilhosa, mas não eficiente, é como beijar uma pessoa linda com bafo. Estava tudo maravilhoso até a segunda página.

Talvez a raiz de muita frustração, ansiedade e vontade de largar uma ideia seja porque complicamos demais quando deveríamos focar no simples e funcional antes de evoluir para a sofisticação!

Não estou dizendo que inovar é errado, pelo contrário! Mas antes de cozinhar qualquer prato refinado é preciso ao menos saber uma refoga. Talvez você e eu tenhamos tendência a fugir do básico porque o básico é monótono. 

O que me leva à esta newsletter.

Particularmente, eu nem queria voltar com a news até um dia desses. Gosto de escrever, mas é monótono. Tentei inovar, produzir vídeos, gravei dezenas, editei, publiquei, despubliquei. E enquanto isso, esporadicamente ouvia alguém elogiando textos antigos que fiz e puxando assunto sobre. 

Na cegueira por fazer coisas novas, deixei de fazer o básico e sequer fui capaz de gostar das novidades.

Mas o básico paga as contas da maluquice.

Por falar em pagar as contas, o New Foods não apenas está aberto há 40 anos em um segmento onde a média de vida é de 4 anos, como inclusive está contratando.

Faça o básico bem, então avance.

E não cague no bidê.