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A Sandy me decepcionou
Você viu essa?
Outro dia comentei em uma das edições sobre aquele site que faz correlações completamente aleatórias. Pois aparentemente, toda vez que vou escrever a newsletter, um casal termina.
E agora foi a vez de Sandy e Lucas Lima.
Estou decepcionado com a Sandy.
Mas não por conta do divórcio, sim por uma questão que ela deixou no ar há quase 30 anos:
"Pra você me dar um beijo
Ah, você vai ter que rebolar
Rebolar e rebolar"
Boa parte da minha infância foi ao som de Sandy & Jr, e essa música em particular me causou incômodo por muito tempo ali na década de 90, pois fiz uma correlação maluca de que para beijar qualquer menina, precisaria rebolar. Eu sequer tinha 10 anos, nem imaginava o que era literal e figurado.
Assim como a frase do latim "veni, vidi, vici" (vim, vi, venci), fui, rebolei, perdi. Não era uma conta binária na qual bastava rebolar e ganhar um beijo. O rebolado precisava de contexto, fluidez e charme. O que eu definitivamente não tinha.
Portanto, não foi através do rebolado que conquistei o primeiro beijo. Aposentei as tentativas de rebolar pelo meu próprio bem.
Engraçado que ao ler a notícia sobre o divórcio, eu automaticamente lembrei de músicas da minha infância.
A música é um negócio muito maluco. Ela pode ensinar uma criança a ler e memorizar infinitas coisas. Nas guerras antigas, um bardo acompanhava as tropas e usava a música como fator de motivação e contação de histórias.
Você pode não gostar de uma banda e ainda assim saber várias músicas dela assim como eu não gosto de Legião Urbana e sei a letra de quase todas.
Um analfabeto muito dificilmente escreverá algum livro, mas uma pessoa que nunca teve aulas de música consegue compor algo mágico e hipnotizante.
Eu acredito que a música é a expressão máxima da criatividade. Gosto de pensar que a maior parte dos bons músicos se arrisca bastante. A letra pode ficar maravilhosa e a melodia horrível.
Talvez a melodia esteja boa, exceto por aquele teclado ou baixo fora do tom. Mas o grupo segue testando, compartilhando os acordes e notas até que tudo seja visto como ótimo.
Se um dos membros na banda não corre o risco de executar uma nota que ele ache interessante ou adicionar um verso, grandes clássicos talvez nunca surjam. Você só descobre a real qualidade da sua criação depois que ela sai do papel.
Ainda que eu não seja músico ou saiba fazer música, gosto de estudar criatividade e formas de criar melhor, criar sem medo e criar sempre. Mesmo que não vá publicar as criações, o simples ato de testar uma piada ou texto entre amigos de criação evolui a habilidade de abordar um tema.
Criar é sobre se dar permissão para o risco. Isso é uma das coisas que o ator Ethan Hawke aborda num TED maravilhoso sobre como podemos explorar melhor nossa criatividade.
Você, assim como eu, talvez não vá compor uma música ou escrever um livro. Mas com menos medo de colocar no mundo ou expressar uma criação sua que talvez não esteja perfeita, vai ganhar a chance de aprender o que pode tornar essa criação melhor.
Pare de guardar suas ideias em uma caixinha e comece a libertá-las.