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A arte de não entrar em pânico
A vida acontece entre os dias de dedo no c* e gritaria
Enquanto você abre o e-mail de hoje e não sabe onde o texto vai parar, uma vez que meu padrão de escrita é menos linear que uma letra do Djavan, eu confiro se tudo o que preciso está na minha mala.
Hoje, após gravar um podcast, passarei por São Paulo. Em seguida, vou a Brasília palestrar para 200 empresários, acho que será minha sétima semana consecutiva apresentando conteúdo em algum evento. Corrido, né?
Alguns eventos são em dias úteis, outros aos finais de semana. Ainda no próximo sábado acontece minha mudança de BH para São Paulo. Se até a Anitta, que é milionária, precisa viver viajando, quem sou eu para fugir disso?
A vida é, no geral, caótica. A minha é caótica com aeroportos, hotéis e slides. A de algumas pessoas é caótica com plantões, consultas, reuniões. Todos temos um pouco de caos diário acontecendo aqui e ali, e o caos pode ser destruidor ou pode ser parte de um arsenal.
Na largada de uma prova de ciclismo, centenas de atletas se misturam em uma grande bagunça que costuma não ter muitas quedas. Em questão de minutos, o que era um amontoado de gente em roupas de lycra tão apertadas quanto a cintura da sua calça após o rodízio de pizza se divide em dezenas de pelotões.
Um pelotão vai reunir entre 4 e 30, 50, 70 ciclistas cortando o vento juntos, um indo no embalo do outro e economizando 30 a 35% do esforço físico. Sozinho, um ciclista quase cospe o coração para manter 50 km/h. Em pelotão, isso fica mais factível. Um pelotão te ajuda a manter ritmo constante, não quebrar fisicamente e ainda atingir velocidades mais altas.
Essas pessoas, no meio do caos, percebem outras que estão em ritmo similar e vão se agrupando. Em meio ao agrupamento, é comum que os ciclistas se revezem até perto da chegada, onde o pelotão se desgarra e cada qual faz um sprint pela chegada. Eles causam caos logo após eliminá-lo.

O caos é como a louça suja na pia. Quando parece que acabou, surge um prato sujo esquecido. Aquele desgraçado.
Em muitos anos tentando entender como não deixar a ansiedade me atropelar, aprendi muito sobre aceitar e navegar pelo caos, e talvez o maior desses aprendizados tenha sido justamente o mesmo que esses atletas aplicam nas provas: encontrar o ritmo possível e colocá-lo como parâmetro. O ritmo possível, não o perfeito.
Você e eu não somos a pessoa herdeira ou famosa que tem inúmeras horas livres para trabalhar na própria arte ou em uma nova habilidade. Nossos pratos quebram, nosso tempo é escasso. Como desenvolver ou criar algo se o tempo todo acontece um imprevisto, um pouco de caos, um pouco de desespero?
Pelo menos por aqui, foi o leve apego àquilo que é possível, quando possível.
Tenho rituais específicos quando não estou em viagem: preparo um café da manhã ouvindo música, dedico 40 minutos do dia a algum exercício, faço a moagem do meu café, tento ver amigos. Não é a rotina perfeita, é a rotina que cabe no meu ritmo.
Durante esses rituais nada extremos, minha mente fica vazia. Surgem ideias de textos, podcasts, palestras. No caos, a gente oscila. Mas na rotina a gente flui.
Não dá para manter a rotina linda como um filme todo santo dia. Mas, entre um e outro dia de caos, volte à sua rotina e veja a criatividade brotar.
Ou, como diria o grande poeta santista Chorão: não deixe o mar te engolir.
Já ouviu meu podcast que aborda criatividade e comunicação? O Além das Boas Ideias é um programa quinzenal com episódios curtos e dicas práticas para transformar suas ideias em ação:
Nos vemos na próxima semana!